Obras são criticadas por alterar o aspecto das construções. Foto: Fernando Vivas |
Ag. A TARDE Um dos cartões-postais de Salvador,
o quadro da Fundação Casa de Jorge Amado e Museu da Cidade,
que descortina a visão do Largo do Pelourinho,
está em obras para instalação de infraestrutura de acessibilidade.
As escavações e colocação de tijolos de cimento para construção de rampas,
com a retirada da velha calçada intrigam baianos
e turistas que desconhecem o que acontece no local.
A intervenção integra projeto elaborado pela
Fundação Mário Leal Ferreira foi iniciativada
Superintendência dos Direitos das Pessoas com
Deficiência da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJDCDH).
As obras têm divido opiniões: há quem as considere
apropriadas para idosos e pessoas com dificuldade de locomoção.
Outros criticam a alteração arquitetônica do patrimônio histórico.
A diretora de Acessibilidade e Políticas Públicas da SJDCDH,
arquiteta Marília Cavalcante, diz que o equipamento
atende às legislações em vigor e foi concebido para manter a harmonia da área.
Intervenção – Para o analista técnico do Crea-BA,
o engenheiro e arquiteto Giesi Nascimento,
o projeto foi bem elaborado e discutido com as entidades do setor,
além de resgatar uma dívida com as pessoas
portadoras de dificuldade de locomoção.
Para o marchand Dimitri Ganzelevitch, morador do Centro Histórico,
“a tendência de ser politicamente correto nem sempre
respeita a opinião geral”. Ele diz que, ao invés de modificar a visão
frontal das antigas edificações, as rampas poderiam ficar nas laterais
ou serem feitas de madeira e removíveis. Alertou ainda para a necessidade
de fiscalizar as novas calçadas para que não sejam ocupadas por ambulantes.
Usadas como arquibancadas para admirar o valioso conjunto arquitetônico,
as escadarias da Fundação Casa de Jorge Amado adquirem aos poucos um novo aspecto.
“O que é que estão fazendo ai, é uma pista de skate?”,
brinca o vendedor de coco, Luiz Amâncio que diz passar todos os dias pelo local.
“Estava acostumado com aquelas escadas que davam
um refresco depois dessa subida desde lá do Taboão.
A gente ainda vai poder sentar?”, pergunta o estudante José Messias.
Segundo o diretor de Habitação da Conder, Ubiratan Cardoso,
órgão que executa as obras que integram a
sétima etapa do Programa de Requalificação do Centro Histórico,
o circuito, de 1,3 km de comprimento, tem início no Cruzeiro de São Francisco
. O alargamento das calçadas ao longo da Rua Gregório de Matos
contorna o alto do Largo do Pelourinho, seguindo pela Rua Alfredo de Brito
e terminando no Terreiro de Jesus.
As pedras do tipo “cabeça-de-nego” retiradas do calçamento foram
armazenadas no depósito da Conder no Centro Histórico para reparos
em outras vias locais, explicou Ubiratan Cardoso.
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