Quem vê o rapaz moreno, de chapéu e óculos escuros andando pelo campus da UENF não imagina que ele será o primeiro zootecnista deficiente visual do Brasil.
“Não sei no mundo, mas no Brasil eu sou o primeiro”, conta Hugo Pereira Antônio, 19 anos, que ingressou no curso de Zootecnia da UENF este ano.
Natural de Rio Claro e criado em Angra dos Reis, Hugo conta que a perda da visão veio como sequela de um câncer que teve aos três anos de idade. Até chegar a Universidade, ele teve que percorrer um longo caminho, permeado de dificuldades.
“Quando eu tinha cinco anos, via todo mundo indo pra escola e queria estudar também. Foi aí que entrei numa escola de ensino regular, só que enquanto as outras crianças estavam aprendendo a ler e a escrever eu estava brincando de massinha. Não gostava daquilo, queria escrever também. Então minha mãe correu atrás dos serviços da Prefeitura de Angra e instalaram um centro de atendimento a deficientes visuais no município, e foi lá que me alfabetizei”, conta.
Durante a vida escolar, Hugo tirava boas notas e contava sempre com um “leitor” para ajudá-lo nas tarefas. Ele explica que nunca foi de estudar muito, por isso preferia ter alguém que lesse para ele e também o explicasse os conteúdos.
“Se eu pudesse voltar, faria o ensino médio todo de novo, pois algumas coisas passaram despercebidas nessa época e agora, na faculdade, estou vendo o quanto são importantes. Quando fiz o Enem na primeira vez não estudei nada, fui com a coragem”, diz.
Antes de ingressar na UENF, o universitário passou para o Instituto Federal da Bahia, mas não quis ficar por lá. Logo depois passou e, mesmo não conhecendo a Universidade, resolveu matricular-se. Segundo Hugo, a prova do Enem foi feita com a ajuda de pessoas que liam as questões para ele. Hoje, o futuro zootecnista mora na cidade de Campos sozinho e diz que o apoio da Universidade tem sido muito importante. Além de receber bolsa, ele conta com a ajuda dos colegas, que o ajudam na locomoção dentro do campus.
Ele conta que, na escolha do curso, o que pesou foi o fato de gostar muito de animais, mas não ter vontade de se formar em Veterinária.
“Eu não queria ver os bichos doentes, queria era cuidar deles. Quando era pequeno, tive cavalos, cachorros, sempre gostei muito, e quis arrumar um jeito de transformar a diversão em uma profissão”, conta Hugo.
A deficiência não é um empecilho para que Hugo tenha uma vida normal, ele cuida da casa sozinho, adora artes plásticas, tem curso de informática e ainda é formado em um curso de massoterapia. Para fazer tudo isso, ele conta com a ajuda da mãe, sua maior apoiadora.
“Minha mãe sempre me apoiou em tudo que quis fazer. Por exemplo, quando eu tinha dez anos, queria aprender a andar de bicicleta; me ralei todo, mas aprendi. Depois resolvi aprender a andar a cavalo. Quando fui para a Bahia, ela largou tudo pra ir comigo. Hoje moro em Campos sozinho. Minha mãe me soltou tanto e olha aí no que deu”, diz.
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