Aumento foi de 168,5%; especialistas relacionam alta com alteração no comportamento dessa faixa etária.
A notificação de novos casos de Aids cresceu 168,5% na última década entre os idosos - mais de 60 anos - da RMC (Região Metropolitana de Campinas), se comparada com a década de 1990 - início dos primeiros casos da doença no Brasil. O aumento, segundo especialistas, pode ser analisado como uma mudança comportamental na vida dessa faixa etária, que apesar de adotarem hábitos mais contemporâneos, ainda são reféns de práticas do passado, como a não utilização de preservativo
De acordo com levantamento realizado pelo GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica) de Campinas, ligado ao CRT (Centro de Referência e Treinamento) DST/Aids, órgão da Secretaria Estadual de Saúde, a região tinha entre 1990 e 2000 73 casos de Aids registrados. Entre os anos 2001 e 2011, 196 idosos com mais de 60 anos haviam contraído a doença.
No ano de 1990, por exemplo, a região apresentava nesta faixa etária só um caso, registrado em Campinas. Cinco anos depois, em 1995, a região já contabilizava seis novos infectados pelo vírus. E em 2001, a RMC já possuía 19 novos casos da doença.
De acordo com o Censo Demográfico de 2000, realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), haviam na RMC, na virada do milênio, 200.872 idosos.
Dez anos depois, em nova contagem do IBGE, a região já apresentava um crescimento de 25% de pessoas com essa faixa etária, com 251.309 idosos.
De acordo com a médica infectologista do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, Mariliza Silva, o aumento no número de idosos não justificaria o elevado números de casos de Aids entre essa faixa etária. A especialista sustenta a tese de que quanto mais longevidade, mais disposição, e com isso maior é a exposição aos riscos.
“Os idosos chegam aos 60 com a sexualidade ativada. Por outro lado, quando eram jovens, não se discutia e não havia campanhas de conscientização. Ou seja, temos casos de idosos que apresentam dificuldade até mesmo para colocar um preservativo adequadamente, pois em sua época de adolescente não utilizava”, destacou a infectologista.
Mariliza frisa que não existem campanhas tão enfáticas a esse público alvo, mas que muitos centros de referência no Estado trabalham o lado educativo para prevenção da doença após os 60 anos.
De acordo com a médica especialista em HIV da Secretaria Estadual de Saúde, Carmen Silvia Bruniera Domingues, a principal categoria de exposição ao vírus na terceira idade é a heterossexual. Além disso, a especialista salienta que, até 2007, a proporção de infecção era de dois homens para uma mulher. Entretanto, após 2008, tornou-se um homem para uma mulher infectada com a doença.
“Estudos apontam que o diagnóstico tardio pode acontecer por puro preconceito social em relação ao sexo, com demonstração de vergonha por parte do indivíduo infectado”, alerta Carmen Silvia.
“Matéria postada em caráter informativo”
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